O papel do jogo na formação do indivíduo
Paula Nadja
Vivemos em um período de profundas mudanças, dentre elas, na estrutura familiar, nos valores, na escola, no aluno, na criança. No entanto, os jogos e brincadeiras sempre fizeram parte do cotidiano infantil, independentemente da classe social a que elas pertencem.
Hoje as brincadeiras tem sofrido um processo evolutivo, visto que as crianças vivem rodeadas de tecnologia, tecnologia essa que tem, inclusive, mudado o jeito de as crianças brincarem. As brincadeiras desinteressadas como amarelinha, esconde-esconde e até mesmo as peladas estão sendo substituídas por videogames e jogos de computador. Afinal, por que as crianças brincam, e qual a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil?
As brincadeiras que muitas vezes parecem sem importância, satisfazem as fantasias dessas crianças enquanto, ao mesmo tempo, ensinam-lhes que algumas normas devem ser seguidas e que para se conviver em grupo elas são fundamentais.
Vygotsky apud Fontana (1997, p. 135), afirma que “da mesma forma que uma situação imaginária tem que conter regras de comportamento, todo jogo com regras contém uma situação imaginária”.
Sob a perspectiva de Piaget (1975), os jogos de bolas de gude, os de esconde-esconde, “perseguição regulamentada”, estão aparentados entre si e nos dois casos o simbolismo está ausente ou está em um “segundo plano”, mas, em ambos os casos, as regras são presentes.
Essas regras são “transmitidas pela tradição social infantil, aplicando-se a uma matéria sensória-motora que elas canalizam para transformá-la em competição organizada.” (Piaget 1975, p. 141).
O período sensório-motor, segundo Piaget, compreende crianças de zero a dois anos de idade e baseia-se na experiência imediata através dos sentidos na interação com o meio vivido, conforme citado abaixo por Carvalho (2006):
A actividade cognitiva durante este estádio baseia-se, principalmente, na experiência imediata através dos sentidos em que há interacção com o meio, esta é uma actividade prática. Na ausência de linguagem para designar as experiências e assim recordar os acontecimentos e ideias, as crianças ficam limitadas à experiência imediata, e assim vêem e sentem o que está a acontecer, mas não têm forma de categorizar a sua experiência, assim, a experiência imediata durante este estádio, significa que quase não existe nada entre a criança e o meio, pois a organização mental da criança está em estado bruto, de tal forma que a qualidade da experiência raramente é significativa, assim, o que a criança aprende e a forma como o faz permanecerá como uma experiência imediata tão vivida como qualquer primeira experiência.
Posteriormente a esse período sensório-motor, inicia-se o período do simbolismo ou jogo simbólico, que para Piaget (1975) se refere a um período no desenvolvimento cognitivo da criança que corresponde dos dois aos seis anos de idade, onde ela cria imagens mentais de algo real, como por exemplo quando brinca com uma vassoura e fantasia que é um cavalo. Nesse período, a criança já faz uso da linguagem falada.
Para Piaget apud Fontana (1997, p.121), a criança brinca porque é “indispensável ao seu equilíbrio afetivo e intelectual [...]”.
Ainda segundo Piaget, a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Faz parte de toda a trajetória da vida infantil influenciando a sua fase adulta.
Referências
FONTANA, Roseli; CRUZ, Maria Nazaré da. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual,1997.
PIAGET, Jean. A formação do simbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Tradução de Álvaro Cabral e Christiano Monteiro Oiticica. 2.ed. Rio de Janeiro: Zahar; Brasília, INL, 1975.
CARVALHO, Sílvia P. de. O Crescimento da Criança Segundo Piaget. 2006. Disponível em: <http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/psicologia/psicologia_trabalhos/cresccriancapiaget.htm> Acessado em: 06 de out. de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário